Este espaço é desaconselhável a menores de 21 anos, porque a história de nossos políticos pode causar deficiência moral irreversível.
Este espaço se resume
, principalmente, à vida de quengas disfarçadas de homens públicos; oportunistas que se aproveitam de tudo e roubam sem
punição. Uma gente miúda com pose de autoridade respeitável, que
engana o povo e dele debocha; vende a consciência e o respeito por si próprios em troca de dinheiro sujo. A maioria só não vende o corpo porque este, além de apodrecido, tem mais de trinta anos... não de idade, mas de vida
pública.


OPINIÕES PESSOAIS

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

UMA DENÚNCIA CORAJOSA


DIA DAS BRUXAS

No dia 31 de outubro o ministro da Justiça, Torquato Jardim, fez uma denúncia corajosa e  pertinente quando disse que o governador Luiz Fernando Pezão e o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, Roberto Sá, não controlam a Polícia Militar, e disse mais, que o comando da PM no Rio de Janeiro decorre de “acerto com deputado estadual e o crime organizado”, e que “Comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio”.

Torquato fez o que nenhum dos seus antecessores fizeram; fez o que nenhum secretário de Segurança Pública de Rio teve a coragem de fazer, ou por omissão, ou por conivência, ou porque teve ou tem envolvimento direto com as ações do crime organizado e dai a falta de interesse em combater com efetividade uma organização criminosa que lhes dá algum resultado econômico ou político no Estado. São por estas e outras que o Rio esta tomado há décadas pela criminalidade e ninguém tem interesse em extirpar este mal que controla as atividades narcotráfico nas favelas, deixando a população a mercê dos criminosos e milicianos que intimidam e disseminam o terror, tornando-os refém destes bandidos.

   O ministro está convencido que o assassinato do tenente-coronel Luiz Gustavo Tavares, que comandava o 3º Batalhão da PM, do Méier, não foi resultado de um assalto, e que se tratou de um acerto de contas. “Ninguém assalta dando dezenas de tiros em cima de um coronel à paisana, num carro descaracterizado”.

    Esta denúncia parece ser uma verdade que incomoda o governador, militares, secretário de Segurança e políticos do Rio.  É uma verdade que estava exposta e ninguém tinha coragem de falar. A violência virou uma coisa normal, aceitável e institucionalizada. O crime organizado se profissionalizou, tornou-se parte da atividade econômica e da vida do povo do Rio de Janeiro, ante o olhar complacente do governo, que finge não vê suas ramificações em algumas instituições públicas do Estado.

Não é preciso ser nenhum especialista em segurança pública para saber que é inadmissível aceitar como grupos de criminosos tomem de assalto uma cidade do porte do Rio, controlando bairros, morros, ruas, vielas e o comércio, e toda esta ação fique parecendo uma situação normal, como se o domínio exercido por estes criminosos (traficantes e milicianos) não existisse e todos aceitando passivamente esta violência contra o povo carioca.

   Não se pode conceber um domínio de tal magnitude sem o envolvimento de parte dos agentes públicos do Estado: militares, políticos e a conivência dos governos municipal e estadual. Uma organização criminosa não mantem um domínio como o que mantem no Rio de Janeiro se não tiver a ajuda externa; se não tiver envolvimento de atores do governo que tem interesses nas áreas ocupadas. Sem este conjunto de agentes públicos apoiando direta ou indiretamente estes criminosos eles não dominariam e se fortaleceriam como organização criminosa durante tanto tempo do jeito como o fazem no Rio.

  O coronel Luiz Gustavo fazia parte da banda boa da polícia e deveria ser uma pedra no sapato dos criminosos. Por isso ele foi executado assim como são assassinados alguns policias no exercício da profissão ou em suas folgas.

 O governador, secretário de Segurança, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Dep. Picianni e até o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia(DEM-RJ) e outros menos cotados, ao invés de estarem pedindo explicações ao ministro Torquato, como se ele estivesse dizendo alguma bravata, deveriam estar abraçando a causa para desmobilizar a estrutura criminosa que foi montada no Rio há décadas. Está deveria ser a conduta certa a ser feita e não procurar explicações do ministro fingindo que não sabem como funciona o esquema criminoso e que tudo não passa de uma falácia.

    Estes senhores notáveis e intocáveis que integram os poderes do Estado, que questionam o ministro Torquato, deveriam perguntar as famílias dos moradores das favelas e as famílias dos policiais mortos nesta guerra insana travada todos os dias no Rio de Janeiro como elas se sentem com a morte de seus entes queridos e o que elas acham da denuncia do ministro. Com certeza elas estarão de acordo com o ministro.

Como o ministro disse,  isso pode mudar em 2018. Mas ele se esqueceu de dizer que esta mudança está nas mãos do povo do Rio de Janeiro que é quem pode efetivamente fazer as mudanças.

   Com a palavra da mudança o povo carioca.

   Juarez Cruz
   Escritor e cronista
   Salvador-BA


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